Como os gatunos com mandato transformaram MT na Meca da corrupção

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É inacreditável o que o comprometimento das instituições de um Estado pode fazer contra sua população. O Mato Grosso, como a Polícia Federal e o MPF estão demonstrando sobejamente, é o Reino de Hades da política. A corrupção generalizada contamina praticamente todo o Legislativo, uma parte do Judiciário e o Executivo. A imprensa é venal e se vende por qualquer migalha. Os jornais daquele estado, como eu demonstrei meses atrás, também se valem dos desvãos e dos favores dos corruptos para faturar alto. Roubam do contribuinte até na venda de assinaturas.

Todo mundo está no bolso desse meliante chamado José Geraldo Riva. Ele dispensa apresentações. A despeito da sua longuíssima folha corrida, o assaltante travestido de deputado era bajulado de maneira escancarada pelos colegas-gatunos. A ponto de  ter permanecido despachando na sala da Presidência da Assembléia Legislativa, de onde a Justiça mandou sacá-lo há alguns meses, até a véspera de ser trancafiado desta vez pela PF.

É preciso citar que Riva já havia sido cassado duas vezes quando foi reeleito para presidir a ALMT com a quase totalidade dos votos (apenas uma deputada não o sufragou). E que todos, literalmente todos, permitiram que ele continuasse ocupando as instalações e usurpando as funções de presidente do parlamento. Os jornalistas de Cuiabá nunca viram isso, apesar das inúmeras entrevistas convocadas e concedidas por Riva a eles próprios num ambiente em que o larápio não deveria estar.

O presidente de direito, que se chama Romoaldo (mas é conhecido como Roboaldo pela população), é um fraco submisso, serviçal de Riva e seus esquemas. Não teve coragem sequer para tocar o meliante do gabinete que ele deveria estar ocupando quando a Justiça assim determinou. Não é por acaso que o chefe do propinoduto cuiabano foi levado para a PF de Brasília. Em Cuiabá, o pouco de seriedade que resta ao Poder Judiciário não consegue remover esse câncer chamado corrupção e suas múltiplas metástases na institucionalidade. Até o Ministério Público está contaminado.

Não é por acaso que Cuiabá é um canteiro de obras desconexas, inúteis e mal dimensionadas. E todas elas com problemas na execução — problemas que vão das suspeitas de desvio de dinheiro (muito dinheiro) até a simples incompetência gerencial que conspurca o cronograma. É a capital brasileira que mais está atrasada nos preparativos para a Copa. Os torcedores e jogadores vão ter que passar sobre montes de entulho e andar por ruas esburacadas graças à gatunagem generalizada. É tempo de a população aprender que tudo isso é efeito da corrupção. O corrupto não se interessa pela obra nem pelo bem-estar que ela vai trazer. Interessa-se pela grana que pode amealhar. É por isso que as coisas desandaram na capital de Mato Grosso. O que tem de gente na fila do “bereré” não é brincadeira. O que sobra para obras nunca é suficiente.

Agora que puxaram o fio do novelo, é provável que Riva, o organizador dos esquemas, leve para a sepultura política meio Mato Grosso. Desvendados seus esquemas — os mais antigos foram todos descobertos, mas infelizmente não foram suficientes para levar esse homúnculo definitivamente para uma penitenciária — não vai sobrar pedra sobre pedra. 

Pobre Mato Grosso. Tem neste momento mais uma chance de purgar essa chaga, ao menos esse grupo político-delinquente. Resta saber até que ponto as instâncias de correição vão permitir a faxina. E até que ponto os cuiabanos e matogrossenses em geral estão interessados nisso.