PEC-37: Adiamento é balela. Hora de derrotar é agora.

JoãoPauloCunha“Tá vendo só essa bagunça aí fora ? Vocês provocaram isso! Vocês criminalizaram a política”.
Foi o que disse o mensaleiro condenado João Paulo Cunha ao lobby de promotores de justiça que tentava ontem, em Brasília, convencer deputados a votar contra a aprovação da PEC-37, a emenda constitucional que pretende acabar com o poder de investigação do Ministério Público.
Sem acordo, a proposta foi retirada da pauta pelo presidente da Câmara, que havia marcado a sessão de votação apra o dia 26, semana que vem.
O recuo do Congresso foi apresentado à sociedade como uma vantagem — o adiamento — obtida pelos defensores do MP diante da iminência da aprovação da emenda.
É balela.
O Congresso, como se vê pelo pensamento dominante expressado pelo mensaleiros João Paulo Cunha, tem ojeriza dos promotores e procuradores.
Mas num clima de conflagração como o que se vê nas ruas, é notório que deputados e senadores têm muito muito mais medo da ira do eleitor enfurecido do que da lente indiscreta de um promotor de justiça.
A rejeição à PEC-37 talvez seja a terceira causa comum a amalgamar a babel temática dos manifestantes nos atos que se viram nos últimos dias. A primeira é aumento das tarfias. A segunda, o combate à corrupção.
Ou seja: não dá pra por em votação agora essa proposta porque ela fatalmente seria derrotada. Não pela grandeza de espírito dos democratas congressuais. Mas pelo pavor que o eleitor travestido de manifestante infunde em quem tem colarinho branco e mandato parlamentar.
Permitir o adiamento só traz vantagem para os inimigos do MP. Se agora não dá, joga-se o problema para um futuro próximo, quando as condições políticas permitirem a consagração da vindita. É recuar agora para avançar quando for possível.
Se querem derrotar essa excrescência, a hora é agora, na carona dos atos políticos produzidos pela garotada.
Depois, quando a motivação das ruas diminuir, será tarde demais.
Porque, essencialmente, esse movimento não vai mudar a índole dos políticos brasileiros nem aplacar sua sanha patrimonialista.
Vai, no máximo, fazer com que eles tenham algum juízo antes de perpetrar mais um golpe contra as instituições brasileiras.

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