Pedir impeachment agora é golpe

Cerca de 2,5 mil paulistanos foram para a rua pedir o impeachment de Dilma. Por que ? Só porque ela ganhou a eleição. E isso lá é motivo para pedir o impeachment de alguém ? Não, categoricamente não!

paulista
Foto: Dario Oliveira – Estadão

A democracia é um contrato que impõe ao derrotado resignar-se diante do vencedor e aceitar o resultado. O que não significa aderir às teses do eleito nem nada parecido. Quem perdeu vai fiscalizar as ações de quem venceu e robustecer ativamente a oposição. É assim numa democracia madura.

O movimento deste sábado, portanto, não passa de um chororô golpista que tem no saudosismo autoritário seu principal combustível. E, pode ter certeza, é muito melhor ter um governo adversário legitimamente eleito do que uma ditadura empossada pelo espernear de duas mil e quinhentas carpideiras com saudade da farda e do coturno.

É preciso dizer que este governo vai enfrentar tempos duríssimos ao longo dos próximos meses — principalmente por causa do envolvimento crônico dos petistas em todos os escândalos já descobertos e ainda por descobrir.

Se acaso restar comprovado que a atual presidente e seu antecessor sabiam das falcatruas na PETROBRAS, pode ser que o País precise voltar a discutir  com seriedade o impeachment, perspectiva que assombra o governo. Mas isso, até o momento, é apenas uma possibilidade.

Felizmente, há o ‘devido processo legal’, e só ao seu final são estabelecidas a culpa e a punição. Até lá, todos são inocentes.

Se a palavra impeachment começar a ser abusada agora, quando não tem nenhum cabimento, pode ser que esses opositores de ocasião, os do esperneio, percam a chance histórica de aumentar seu capital político e moral para quando for o caso de discuti-la seriamente.

Até lá, é resignar-se, aceitar o resultado da eleição e parar com a pregação golpista.