Ao contrário da maioria, eu torço pelos garotos que estão nas ruas

Vocês vão me dar licença, mas eu vou dizer por que considero esse Movimento Passe Livre o fenômeno social mais importante da década. A despeito do vandalismo, que reprovo com veemência.
Sem nenhuma dúvida é uma manifestação espontânea, nascida a partir de uma causa legítima — o aumento das passagens de ônibus.
É, com certeza, o primeiro movimento eloquente de protesto a eclodir depois que o governo Lula estatizou o sindicalismo, comprou os dirigentes das entidades estudantis, domesticou o MST e os outros movimentos sociais.
Envolve múltiplos atores. Quem deu a causa foi o petista Fernando Haddad. Quem patrocinou os cassetetes e as bombas foi o tucano Alckmin. No Rio, as botinadas foram ordenadas pelo peemedebista Sérgio Cabral. Está mais do que provada a mistura de hipocrisia petista com a truculência tucano-peemedebista.
O susto geral, a consternação da opinião pública, mostram claramente quanto o País se desacostumou da prática da tolerância. De parte a parte.
Sobre o vandalismo, quero expressa a minha repulsa. Os moleques que saem para quebrar estão manchando esse movimento. Se forem minimamente inteligentes, logo vão perceber que a violência é a marca de seus adversários — os prefeitos, governadores, ministros…
Os que acham que a molecada só merece censura estão muito equivocados. Não convém menosprezar a determinação dos estudantes. Eles já acabaram com a Guerra do Vietnã, mudaram o mundo em 68, confrontaram a ditadura brasileira quando ninguém tinha coragem de abrir o bico.
Em Brasília, foram os únicos a protestar contra as mutretas parlamentares que visavam arquivar para sempre aquele escândalo do governador Arruda.
De certa forma, a era do PT começou na Rua Maria Antônia, que forjou José Dirceu (coloquei uma foto aí em cima para enfeitar este post).
Eu torço por esses meninos. Os que não depredam, não quebram, não apedrejam estão ajudando a escrever uma nova página da história. Eles acabam de provar que não são uma geração perdida para o mundo virtual. São sim capazes de ir muito além dos tuitaços e dos flashmobs. Se precisar, vão para a rua e deixam o Brasil inteiro atormentado por toda uma semana.